Entrevista com Roberto Bueno – Parte 2

6 03 2009
Bueno mostra o caderno de acusações contra Sandoli - Foto: Gabriel Oliveira

Bueno mostra o caderno de acusações contra Sandoli - Foto: Gabriel Oliveira

Na segunda parte da entrevista, Bueno fala sobre as irregularidades da administração de Wilson Sandoli na OMB-SP. São acusações de compras de armas, fraudes nos gastos, apropriação de dinheiro do músico pelo presidente, entre outras.


Sonho de Ordem: Quais foram as irregularidades encontradas na administração do Sandoli?

Roberto Bueno: São muitas. Pode ver aqui, pois não tenho nada para esconder (Roberto mostra folhas encadernadas sobre o processo). Veja este R$ 1,5 milhão. É um dinheiro transferido para São Paulo, que sumiu. Outra irregularidade são três cheques em branco que a tesoureira assinou. Dois de R$ 5 mil e um de R$ 200 mil. Esse dinheiro foi para a conta dele! E o mais grave de tudo: o outro valor de R$ 1,6 milhão, que você está vendo, ele alegou ter gasto com impressos. Nem o Banco do Brasil gasta tanto com impressos. Ou seja, tudo isso, para mim, é falcatrua (vira as páginas, mostrando vários outros cheques).


Sonho de Ordem: O que mais te impressionou?

Bueno: Tem o imóvel do Largo do Paissandu, antiga sede da Ordem. Em 27 de julho de 2006, ele mandou publicar no jornal uma convocação de assembleia, pedindo uma autorização para vender o prédio. Só que ele já tinha vendido o prédio em 18 de maio! Mas de tudo isso que você viu, o que mais me revoltou é ele não teve coragem de pagar o próprio enterro da mulher. Foram gastos quase R$ 80 mil. Quem pagou foi dinheiro de músico. Isso foi a gota d’água para mim. Estamos entrando da Justiça com um pedido de arresto, pois esse dinheiro tem que voltar.


Sonho de Ordem: Ocorreram denúncias de compras de revólveres, é verdade?

Bueno: O negócio foi muito sério, ele comprou sete ou oito revólveres, que estão mencionados na auditoria. Nós não sabemos com quem estão. Em vez de comprar instrumento para músicos, ele compra revólver.


Sonho de Ordem: O senhor já chegou a ver algum?

Bueno: Não e nem quero ver. Está aí a documentação da auditoria que prova a compra…


Sonho de Ordem: Mas o senhor, como vice-presidente, não deveria ter agido de alguma forma?

Bueno: Aqui tudo era velado. Você conhece aquele ditado que diz “todo mundo é honesto até que provem o contrário”? Todos os conselheiros tinham plena confiança no Wilson. Tanto que os advogados da Ordem na administração do Sandoli, Humberto Perón e o Luiz Evandro Tadei, foram demitidos. São pessoas que não têm o direito de ficar mais aqui dentro.


Sonho de Ordem: Mas nós acabamos de encontrar o doutor Humberto aqui no corredor da Ordem…

Bueno: Ele não está mais trabalhando. Ele veio aqui tentar receber o salário dele. Durante quatro meses, venho pagando o salário dos dois, mesmo sem eles virem aqui, para não fazer injustiças. Agora, se eles quiserem receber o direito deles, vão ter que procurar a Justiça. Um outro escritório de advocacia está cuidando do caso dos dois.


Sonho de Ordem: O Sandoli continua no sindicato?

Bueno: Continua. Mas é do lado de lá, no mesmo andar. Nós lacramos para não ter mais vínculo algum.


Sonho de Ordem: O senhor encontrou o Sandoli depois da confusão. O que o sentiu?

Bueno: No fundo é uma pessoa que sinto pena, porque com 82 anos, financeiramente muito bem, não precisava passar por esta situação vexatória no final da vida. O que aconteceu aqui foi muito grave. Isso aqui é dinheiro de músico, é suado. O que o Wilson fez com a administração é coisa de cadeia, de bandido. Uma pessoa que só pensa no ter e não no ser. Caixão não tem gaveta, daqui ele não vai levar nada. A impressão que eu tenho é que o doutor Wilson acha que vai levar tudo. Nós só levamos nossas ações e dignidade.


Sonho de Ordem: Da última vez que entrevistamos o Wilson Sandoli, em 2007, ele dizia que estava preparando uma pessoa para substituí-lo. Você tem noção de quem seria essa pessoa?

Bueno: É impossível responder a sua pergunta, mas eu garanto que não sou eu (risos). Eu não precisava ser preparado, faz mais de 40 anos que vivo de música. Me considero apto a isso, porque sou músico de verdade. Tenho banda, escola oficializada pelo MEC, vivo de música. Muito diferente da situação do Wilson. Dá um instrumento na mão dele e veja o que ele faz…


Sonho de Ordem: Mas como uma pessoa que não domina um instrumento chega a um cargo tão importante?

Bueno: Na época, segundo informações que eu não tenho certeza, o tio do Wilson tinha um cargo político influente. Denunciaram o maestro Osmar Milani, presidente da OMB na época, como comunista. Aí o Wilson assumiu como interventor e depois ficou. Foi manipulando a coisa de um jeito que ele pudesse ficar. Mas não tenho indícios de falcatruas nas eleições do Sandoli.


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4 responses

14 10 2009
Lineu Bernardi

Prezado. O falecido maestro Osmar Milani jamais ocupou cargo algum. Há um engano, o sobrenome era …MILANO. Grato.

8 04 2010
JACIR TOLEDO

OMB É MESMO CONFUSA. MUDOU DE PRESIDENTE MAS AS REGRAS CONTINUAM AS MESMAS . ELO SÓ CUIDOU DO PATRIMONIO QUE FOI COMPRADO COM O NOSSO DINHEIRO . ELA NÃO REPRESENTA A CLASSE COMO DEVERIA . PERGUNTA P/ SR.BUENO QUANTOS MUSICOS SE APOSENTAM , QUANTAS NOTAS CONTRATUAIS E QUANTAS CARTEIRAS FORAM EMITIDAS POR ELA , QUE NÃO SERVIRAM DE NADA . DEPOIS DE MAIS DE 40 ANOS ESSAS PESSOAS QUE SE DIZEM RESPONSAVEIS PELA omb , DEVERIAM TER VERGONHA EM FALAR DOS MUSICOS .

1 02 2011
Lineu Bernardi

Corrijam urgente, por favor. O maestro Osmar Milani, nunca foi presidente, ou se envolveu com a OMB. O nome correto da pessoa é CONSTANTINO MILANO NETTO- CONSTANTINO-MILANO-NETO- Gratos.

13 04 2012
Lineu Bernardi

O sr. Roberto Bueno se enganou.O maestro Milani, nunca foi presidente da OMB. O tal chamava-se Constantino MILANO Neto.Reintero meu pedido de retificaçaõ, por favor , em memória de pessoa já falecida. Grato.

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